“Cada vez que não corresponde, um ecrã acende-se perto dele, revelando uma descida de 5 pontos”.
Foi com base neste proposto que BAI, FANG, HUÁNG, LÁN, QING, QING DI YÍ, YI, YONG e WEI apresentaram “Dang’an”, um ranking social chinês que lista os bons e os maus cidadãos. Como? A partir de um sistema de classificação e hierarquização, baseado e desenvolvido a partir dos dados pessoais que cada individuo entrega às suas aplicações móveis.
“Quanto dinheiro tem no banco? Tem alguma multa por pagar? Alguma vez disse mal do governo na Internet? De que videojogos gosta?”. E se as respostas a estas, e a outras, perguntas condicionassem as oportunidades da sua vida? Se determinassem “se era contatado por uma empresa, se podia pedir um empréstimo para uma casa, ou se tinha de pagar caução por um aluguer”? E também “se podia viajar em primeira classe num comboio ou mesmo se o seu perfil estaria mais ou menos visível numa aplicação”? Já imaginou?
Grupo de Teatro da CEBI estreia peça a 25 de janeiro
A ficção confunde-se, aqui, com a própria realidade. De uma forma facilmente assustadora. Em palco, os alunos do Grupo de Teatro da Fundação CEBI interpretam o texto de Nuno Gonçalo Rodrigues, onde aqueles que são bons cidadãos “têm a vida facilitada” e os outros sofrem sanções e ações discriminatórias. Na vida real, o gigante asiático promete apresentar, em 2020, aquilo a que denominou como um “sistema de crédito social” onde “todos os indivíduos serão avaliados, pontuados e divididos”.
Mas há mais. Depois de determinada a nota ou pontuação de cada um, “esse valor pode subir ou descer conforme o comportamento”. E, como se tudo isto não fosse suficiente, as classificações estão à distância de um clique, sendo “consultáveis a qualquer momento” através de, por exemplo, um telemóvel. Isto tudo no palco. Mas também na vida real.
Com encenação e conceção plástica do Professor Gonçalo Quirino, “Dang’an” estreou a 25 de janeiro e esteve em exibição nos dois dias seguintes. Num total de quatro sessões, uma exclusiva para alunos do Colégio José Álvaro Vidal e as restantes abertas para o público, os oito alunos da Atividade de Enriquecimento Curricular de Teatro procuraram sensibilizar para a complexidade do ranking em causa, retratando o dia-a-dia de personagens avaliados e pontuados socialmente e das problemáticas daí subjacentes.