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N
o âmbito do seu Projecto de
Voluntariado
“Estar com os
outros”
, o Departamento de
Emergência Social (DES) dinamizou
mais uma reunião com os Voluntá-
rios e Famílias Amigas, desta vez
sob o mote
“Está nas nossas mãos”
e com o objectivo de proporcionar
uma reflexão conjunta acerca de
várias questões, nomeadamente
as que se referem ao impacto do
Voluntariado na vida das crianças
acolhidas, à dinâmica do projecto e,
também, à partilha de experiências
entre os envolvidos.
A par da data da sua origem, o DES
- pelo reconhecimento de que as
crianças integradas em Instituições
têm o direito a ter assegurados não
só os cuidados mais básicos, mas
também um colo e uma atenção
individualizada – abriu as portas ao
Voluntariado, quer em contexto da
Casa de Acolhimento, quer através
das Famílias Amigas. Tendo neste
momento em carteira 24 Voluntá-
rios e 13 Famílias Amigas, ao longo
dos seus 21 anos, o DES já contou
com a colaboração de cerca de 380
Voluntários, número revelador da
capacidade de envolvimento social
da Comunidade.
Tendo em conta que as crianças
acolhidas em Casas de Acolhimento
Temporário são crianças que foram
vítimas de alguma forma de negli-
gência ou maus tratos, e que estão
desprovidas de meio familiar, a cria-
ção de laços de amizade e a opor-
tunidade de visitar os amigos em
momentos pontuais (como sejam os
fim de semana, férias, épocas festi-
vas) tem-se revelado de importância
determinante para o processo de
reestruturação socioafectiva e emo-
cional destas crianças.
Na sua história, as crianças em
situação de acolhimento institucio-
nal, trazem quase sempre experiên-
cias traumáticas no que concerne
à sua auto-imagem, ao estabeleci-
mento de relações de afecto, aos
modelos de família (muitas vezes
aterradores para elas) e, de fra-
casso, no que diz respeito à neces-
sidade de estabelecer vínculos
emocionais compensadores e secu-
rizantes. A oportunidade de, através
das Famílias Amigas, constatarem
que as vivências familiares podem
ser positivas, é um dos factores que
se tem evidenciado de relevo e faci-
litador para a condução dos Projec-
tos de Vida futuros destas crianças
- quer se trate da sua reintegração
na família de origem, quer numa
família adoptiva.
Dúvidas não há da importância do
Voluntariado enquanto força comu-
nitária, de solidariedade e de coe-
são social mas, também, enquanto
promotor de mudanças sociais posi-
tivas que fomentam o respeito pela
diversidade, pela igualdade e pela
participação. A consciência ética,
o comprometimento, a motivação
e a responsabilidade individual de
todos aqueles que têm colaborado
connosco nesta área, tem permitido
alargar os horizontes das crianças
que acolhemos no sentido huma-
nitário, tem reforçado a resiliência
das mesmas, contribuindo para
uma realização mais plena dos
seus Direitos.
Por tudo isto, a equipa do DES agra-
dece aos seus Voluntários e Famílias
Amigas, certos, porém, que o melhor
agradecimento é o que veem no sor-
riso das crianças que apoiam.
“Está nas nossas mãos”
TEXTO
OLGA FONSECA
*Este texto foi escrito ao
abrigo do antigo acordo
ortográfico